sábado, 27 de fevereiro de 2010

Um Veterano São-Paulino na Itália

Abril de 1971 – Ainda sobre os louros do Tricampeonato de 70, lá fui eu e minha querida Ana realizar o sonho da Lua de Mel de viajar por toda a Europa que em 45, Hitler e Mussolini, me impediram de cumprir esse desejo.
Assim, aos 50 anos, desembarcamos em Barajas, na acolhedora Madrid, da Gran Via, de museus, castanholas e touradas. Foram oito dias de viagens encantadoras pelo Vale de Los Caídos, Sevilha, Valencia, Segóvia, do famoso Aqueduto e do Candido, com seu restaurante de Los Reyes. Excursões maravilhosas pelo país. Castanholas, bailarinas, sapateados de ciganos, arena de touradas e muita Paella tornaram-se dias inteiros de festa.
Logo em seguida Roma e, antes mesmo da Santa Sé e Vaticano, no dia imediato à chegada, numa excursão pela esplendorosa Costa Malfitana e a visita a Sorrento e ao espetacular azul solferino da Gruta de Capri. Que felicidade! Quanta alegria por ver e sentir de perto os milagres do Senhor!
A excursão num ônibus luxuoso e confortável carregava, quase totalmente, uma leva de idosos e “bengalantes” de loiros holandeses. Ana e eu, mais um simpático casal carioca em lua de mel, dois silenciosos japoneses e 4 falantes coroas argentinas completavam a lotação.
O esperto guia italiano, arrastando o português, logo nos identificou pela tez bronzeada do recente verão em nossas praias do Guarujá e Ipanema.
O ônibus seguiu pela Via Ápia e a primeira parada foi nas ruínas de Pompéia, para um lanche no restaurante fronteiriço. O divertido guia italiano nos previnira que em Pompéia quem não se chamasse Antonio seria Genaro!
Os garçons enfileirados, em semicírculo, aguardavam ansiosos os turistas com seus aventais brancos e blusas pretas. Formou-se uma rodinha na decida demorada dos idosos da terra dos moinhos, com os quatros brasileiros sempre sorridentes, os dois japoneses preparando suas fotos e as quatro hermanas estabanadas, mas educadas.
Do meio daqueles pingüins saltou um rapazola atrevido e num sorriso já irônico, furou a turminha e repentinamente dirigindo-se de surpresa a mim e sacou:
- “Lei é MEXICANO?” E olhou para os colegas sorrindo.
- “No”. Respondi-lhe já prevenido com o atrevimento.
- “Lei é ABISSÍNIO?” Com mais ironia e fazendo-me entender sua pergunta capciosa.Conclui sua intenção maldosa e ofensiva, e respondi secamente:
- “No”!
- “Te ricorda un ballo? Uno grande ballo?”.
- “Ballo? Que Ballo?” Assustou-se o italiano.
Respondi-lhe então, plenamente confortado.
- “Antô! Uno grande ballo! Quatri a uno, Antô! Sono brasiliano! Campeone Del Mondo!!!”
- “Quatri a uno, Antô!”.
Minha pobre mãe foi imediatamente atingida, mais um cacho de bananas! E a nossa mesa no restaurante não foi servida! E nem na volta das ruínas quando ainda lhe fazia sinal com os dedos. “Quatri a uno, Antô! Campeone Del Mondo!”.
Essa passagem valeu tanto quanto a maravilha divina daquele azul solferino!
Viva Nóis!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Quem quiser que conte outra

Tenho 80 anos de presença aos campos e sou filho de destacado cronista dos anos 1925/30, vou contar aqui algumas das mil histórias que minha memória relembra de jogos, resultados, jogadores e curiosidades desde 1929 quando acompanhava meu pai ao reservado da crônica no Palestra Itália e se comemoravam os gols jogando as palhetas para o ar. Na época, só se pensava nas partidas Rio x São Paulo. A data de 1929 me foi confirmada por uma publicação da Folha de um jogo do Corinthinas com o Bolonha. Assisti no reservado contra o Palestra e tenho idéia do escore.

Lembro também do Ferencvaros de listas zebradas nas meias. Sou sócio nº 9 do SPFC e acredito o mais antigo que nesses últimos anos se vale das delícias da TV.

Relatarei aqui para quem queira saber. Assisti Friendereich e vi o São Paulo nascer. Lembro também de Jaguaré, Fausto e Mola, e uma montanha de paulistas e cariocas., etc etc. Contarei minha versão. Quem quiser que conte a sua.

A bola, modestamente, está comigo mesmo.