terça-feira, 25 de maio de 2010

A PARADINHA DE FREINDENREICH

Saudações Tricolores

Foi lá, no acanhado campinho da Floresta com suas desconfortáveis arquibancadas de madeira.
São Paulo x Vasco – Amistoso vespertino.
Jaguaré, o atlético goleirão, com seu gorro típo marinheiro exibia-se sorridente com defesas espetaculares. A torcida vaiava aquela exibição carioca e Fausto, o grande “center – alf” sorria em deboche provocativo”. O clima no entanto, era tranqüilo. Um revide só de vaias, numa demonstração comportada da rivalidade.
No 2º tempo, Freindenreich, com suas pernas finas e calções compridos, abaixo dos joelhos, num tiraço à meia altura, como era o estilo da época, ameaçou um canto da meta e quando Jaguaré se esticava para defesa, transferiu a pelota para o lado oposto. Jaguaré, desnorteado tentou retornar, mas era tarde porque as redes Vascaínas já balançavam.
O guapo goleiro foi socorrido na maca! e a platéia paulista vibrou com aquela proesa vingativa.
Ainda bem que naquele tempo, o palavrão não fazia parte do vernáculo e Brasília dormia num planalto inóspito e arruda era só usada como um amuleto atrás da orelha!
Anos depois, novo amistoso entre os dois times.
Waldemar de Brito, aquele que descobriu o Pelé, inspirado, foi o goleador único do sonoro 4 x 0 que o nosso Tricolor impôs ao mesmo Vasco de Jaguaré, Itália e Mola e ainda com o mesmo Faustão agora desconsolado no meio da sua defesa batida e abatida.

VIVA NÓIS!

Helio Motta Mello

quarta-feira, 19 de maio de 2010

1950 – MEU MARACANAÇO

Saudações Tricolores

Lá estive eu com todo desespero.
Até hoje passo a mão na cicatriz do ferimento de Gighia, sobre o comando de Obdulho Varela.
O carnaval antecipado transformou-se em cinzas.
Todavia, antes desse terrível acidente lá estive para presenciar O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA!
Vozes e mais de 100 mil brasileiros entoando uníssonas “Touradas de Madrid” – Caramba, Caramboles – Sou do samba – Não me amoles e aquela marchinha vibrando nas vozes do estádio inteiro.
Alegria, Carnaval e o Brasil todo, vibrando com o sonoro 6 a 1 de Ademir e seus mágicos companheiros. Baile esfuziante!
Os antipáticos espanhóis hospedaram-se no próprio navio por temerem a água do Rio de Janeiro! E tomaram esse banho histórico que ao menos, amenizou a ferida da partida final.
Até hoje sinto o beijo que recebi de uma gentil morena carioca, no ato do primeiro gol de Friaça, ponta direita do São Paulo que estreava no time canarinho. De camisa azul inexpressiva da bagunçada C.B.D.

VIVA NÓIS!

Helio Motta Mello

segunda-feira, 17 de maio de 2010

PAULISTAS X CARIOCAS – MELHOR DE TRES – SÃO JANUÁRIO – 1937

Saudações Tricolores

Afinal fui conhecer a Cidade Maravilhosa, após 12 horas sofridas num assento duro do Brás á Central do Brasil.
Meu querido tio, diretor do Botafogo, nos alojou, eu, meu pai e meu primo campineiro, nas arquibancadas do campo do Vasco em São Januário.
A façanha de assistir essa disputa costumeira, provocou-nos arrepios e grande sofrimento. Era mais uma disputa quase sempre decidida a favor da antiga Capital Federal. Constava que o sorteio das bolinhas, sempre eliminava os campos paulistas, porque os cariocas, malandros, gelavam a bolinha da sacola, não errando a escolha do campo carioca. Si no é vero...
O jogo começou e Lima, o baixinho meia do Palestra, com seu gorrinho verde, balançou as redes de Jurandir, (ex São Paulo), logo aos 6 minutos de jogo.
Eu e o primo paulista, com toda a inocência de jovens, fomos as duas únicas vozes de gritos e aplausos, naquele campo lotado. Mas ninguém nos apupou, talvez por considerarem uma virada imediata. E assim, decorreu todo o 1º tempo, com botinadas de Agostinho pelo Rio e de Pardal do São Paulo que estreava na ponta esquerda paulistana. Fogo no gramado!
O juiz, o famoso Mário Viana, concedeu no 2º tempo, 6 minutos de prorrogação, naquela noite inesquecível de glória.
A nossa meta ficou invicta e recordo-me do Patesko, famoso botafoguense também ponta esquerda, com seus petardos às traves de São Paulo.
O jogo terminou com o desconsolo e inconformismo da torcida e nós, meu tio e o primo campineiro, rindo por dentro e por fora. Meu pai não havia resistido o sofrimento e voltou para o hotel a 20 minutos do 1º tempo.
O retorno foi tranqüilo. Eu no estribo do bonde, não resisti a uma dor de barriga nervosa e fui obrigado a descer correndo para o WC de um bar.
Comemorei em tempo nossa vitória, sentado naquele trono incrivelmente desimpedido e limpo! Milagre de S. Sebastião...
Nem a visita ao Cristo e a beleza das praias, ficou tão gravada nos meus “anais”.

VIVA NÓIS!

Helio Motta Mello

sábado, 15 de maio de 2010

O PATO, O GANSO, O PAVÃO E O FRANGO

Saudações Tricolores!

Para completar este quarteto avícola, some-se o Bacurau, avante de passagem efêmera no ataque São - Paulino.
O Frango, porém é propriedade exclusiva dos goleiros do mundo inteiro.
Assisti lances históricos e um dos frangos que me arrependo de ter curtido, foi o do Zetti, quando no Palmeiras.
O simpático Neto fez-lhe engolir entre as pernas o petardo rasteiro com a camisa do São Paulo.
Não há “guarda-valas”, no mundo inteiro que não seja vítima dessa galinácea traidora. No meu modo de ver, a bola é que é megera e que castiga até os reis famosos do futebol.
Quando a pelota apronta uma das suas, até atinge a torcida.
Certa vez no “estádio” da Floresta, Mendes famoso por seu chute no ataque Tricolor, chutou por cima da trave um balaço que acertou um torcedor infantil na arquibancada.
O desventurado menino precisou ser atendido pela\ enfermaria!
Isso aconteceu há 80 anos atrás quando lá estive!... Pode?

VIVA NÓIS!

HELIO MOTTA MELLO

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O MEU DIA DE GLÓRIA

SAUDAÇÕES TRICOLORES!

Neste último dia 08 fui recebido no CT da Barra Funda por meu querido amigo Leco que me prestou mil honrarias.
Assisti o animado treino dos nossos craques e fui apresentado como o sócio nº 09, um dos mais antigos do Clube. As homenagens pela minha veteranice comemoraram os meus 90 anos do dia 1º.
Graças às amabilidades dos dirigentes, jogadores e funcionários, passei uma manhã inteira conhecendo as luxuosas instalações do CT.
A simpatia dos jogadores, técnico e dirigente, valorizou a minha festa de aniversário. Foi um grande presente do Leco, e veio glorificar a minha vida futebolística que desde 1929, junto ao meu saudoso pai, que como cronista era o arauto defensor das nossas cores.
Como já disse, assisti a inauguração do campo da Floresta na Ponte Grande (Bonde 29 / Vila Mariana).
Todos os nossos craques foram gentis e acolhedores e o Rogério Ceni, sempre amável ofereceu-me suas luvas autografadas. (Troféu disputado pelas minhas duas netas).
Fiquei imensamente feliz com a iniciativa da minha neta, minha filha e da querida amiga Juliana que, como fervorosas são-paulinas, providenciaram esta visita magnífica.
Renovo aqui o meu muito obrigado ao Leco e demais diretores do São Paulo presentes, jogadores, técnico etc. pela recepção festiva que me foi oferecida e pela apresentação do educado Fernandão.
Logo depois, o plantel viajou para B.H. e nos presenteou com o 2 a 0.

VIVA NÓIS!

HELIO MOTTA MELLO


segunda-feira, 10 de maio de 2010

São Paulo X Palmeiras : O Choque – Rei

Para mim, foi o Thomaz Mazzoni quem batizou este confronto .
O destacado cronista de “A Gazeta”, grande amigo de meu saudoso pai, também cronista esportivo que assinava “Anhanguera”, coincidentemente era nosso vizinho de muro, nos Jardins , na Rua Haddock Lobo. Não sei quantas dessas pelejas eu assisti mas três delas, de tempos atrás, ficaram retidas na minha memória, e uma é inesquecível.
Foi no Pacaembú, quando Renganeschi, nosso zagueiro, mesmo contundido foi fazer figura na ponta direita. Pelo que me lembro, esse clássico foi cheio de entreveros violentos e não eram permitidas substituições. Pouco antes do final do segundo tempo, numa bola perdida, o glorioso argentino balançou as redes do Palmeiras, mesmo mancando. Esse lance ficou na história e o registro, como uma vitória espetacular de sabor único.
Mais um grande resultado, foi no campinho da Rua da Moóca, pelo solene 4 X 0. Com dois ou três gols do nosso Armandinho, veterano meia. O outro jogo, mais recente, foi um gol decisivo na prorrogação, pela cabeçada chorada de Serginho Chulapa, já no Morumbi.
Como bom desportista, também absorvi as derrotas do tricolor. Consigo, por exemplo, reconhecer o gol injustamente anulado feito pelo Leivinha, no Morumbi. Tão reclamado pelo Palmeiras e que provocou celeumas na crônica esportiva. Mas o importante, e o que fica na memória, são os nossos inegáveis feitos.
Parece que hoje em dia ninguém mais fala de Choque-Rei!